Espreitavam-me a parte de baixo dos olhos e diziam-me que era anémica. Que não tinha cores. O cansaço que sempre senti, e pensava que era causado pelo ruído era, afinal, tão só, sangue fraco. Depois, os exames médicos ditaram: herança genética, mediterrâneo, norte de África. Nunca mais pensei nisso, é da raça que não magoa, é só traço na hemoglobina, é prova de que antes de mim veio gente. Volto ao tema por curiosidade, a espaços. E à conversa com um poeta médico (fossem todos os médicos poetas, ou todos os poetas médicos, e as saúdes eram de outra natureza) comentei: em tempos foi-me diagnosticada talassémia. O poeta médico riu-se e disse THÁLASSA, o mar em grego. Nem cansaço, nem ruído, nem fraqueza. O que eu tenho é mar no sangue.
CASA ASSOMBRADA
para contar e ouvir historias
3 Comments:
mar no sangue, asas de vento e olhos de eternidade!...
Confesso que gosto do seu blog!
obrigada. andei pelo marginal, primeiros posts. gostei, comentei por voz de outro.
Tens sensibilidade.
Vou fazer publicidade ao meu:
cronicasdeviagens.blogspot.com
Álvaro
Enviar um comentário
<< Home