segunda-feira, agosto 09, 2004

Espreitavam-me a parte de baixo dos olhos e diziam-me que era anémica. Que não tinha cores. O cansaço que sempre senti, e pensava que era causado pelo ruído era, afinal, tão só, sangue fraco. Depois, os exames médicos ditaram: herança genética, mediterrâneo, norte de África. Nunca mais pensei nisso, é da raça que não magoa, é só traço na hemoglobina, é prova de que antes de mim veio gente. Volto ao tema por curiosidade, a espaços. E à conversa com um poeta médico (fossem todos os médicos poetas, ou todos os poetas médicos, e as saúdes eram de outra natureza) comentei: em tempos foi-me diagnosticada talassémia. O poeta médico riu-se e disse THÁLASSA, o mar em grego. Nem cansaço, nem ruído, nem fraqueza. O que eu tenho é mar no sangue.


3 Comments:

At 10 de agosto de 2004 às 02:05, Blogger nobody said...

mar no sangue, asas de vento e olhos de eternidade!...
Confesso que gosto do seu blog!

 
At 10 de agosto de 2004 às 05:36, Blogger inês said...

obrigada. andei pelo marginal, primeiros posts. gostei, comentei por voz de outro.

 
At 10 de agosto de 2004 às 15:47, Anonymous Anónimo said...

Tens sensibilidade.


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Álvaro

 

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